Uyara Torrente e o novo disco d’A Banda Mais Bonita da Cidade
Fotos: Fernanda Pompermayer
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Tempo tornou-se uma tônica para A Banda
Mais Bonita da Cidade. Seu novo álbum, De Cima do Mundo Eu Vi o Tempo, traz
nove ilustrações de como a temática preencheu a rotina do quinteto paranaense.
“Sempre foi um assunto nosso, seja de maneira filosófica, numa ótica mais
científica ou pelo fato de termos chegado aos 30 e poucos anos”, conta Uyara
Torrente.
A vocalista explica que suas
elucubrações, especialmente com o tecladista Vinícius Nisi, resultaram na
semente para o trabalho. As composições pontuam de alguma maneira tal reflexão.
“Inclusive, a última música chama-se Tempo”,
acrescenta, antes de destacar outra. “Bandarra
é importante no questionamento de onde estamos investindo nossa energia. Entrou
no repertório pela letra, que explica muito minha relação com a percepção de ‘o
tempo está passando, vamos aproveitar’.”
O grupo experimentou pela primeira vez a
interação do guitarrista Thiago Ramalho e do baixista Marano no processo
criativo. Em seus postos desde 2013, os caras ainda não haviam gravado com eles.
“Suas referências e a maneira como criam, tocam e se colocam, com certeza, somam
e contribuem bastante”, avalia a vocalista. “O Marano traz algo que ninguém na
banda tem, que é uma pesquisa de música xamânica. Isso nos permite uma relação
de batida diferente. O Thiago tem algo bem bonito na forma como retrabalha a
harmonia das canções, com sutileza.”
Essas dinâmicas foram sendo digeridas gradualmente
na estrada. Hoje resultam numa química carimbada por nuances que se colocam com
personalidade sem, no entanto, dissolver a identidade coletiva. “Quando uma
pessoa traz algo novo, automaticamente, também me renovo e descubro coisas em
mim que ainda não via. Tudo se transforma”, completa Uyara.
Terceiro título de estúdio da trupe, De
Cima do Mundo Eu Vi o Tempo grifa levadas mais contemplativas, timbres
tranquilos e melodias que bailam sem tanta ardência. “Não sei se diria
‘contemplativas’, porque estou nesse processo desde sempre, e foi um processo
forte, intenso”, ela pondera. “Fomos criando, e essas criações foram fluindo
como fluíram. Acho que é um disco bem conceitual, mas é superlegal sacar a
maneira como chega às pessoas.”
O arremate também passou pelo baterista
Luís Bourscheidt, que soube dar a intensidade exata, sem semostração nem
timidez. Contaram ainda as colaborações de Lorenzo Flach, Felipe Ventura e
Felipe Ayres (este os acompanha nas turnês, como guitarrista). Tudo maestrado
por Nisi, responsável pela produção. “Estamos bem felizes com o resultado”,
garante Uyara.
A Banda Mais Bonita da Cidade promove seu novo material na estrada, nos palcos. Eis o ambiente perfeito para calibrar o espírito dessa
busca por um tempo mais otimizado e com menos atitudes automatizadas! “No show,
estou ali de verdade. Se não estiver, meu público vai saber, e é por isso que
preciso me reinventar. Quero estar na vida tão presente, fincada e aterrada quanto
fico num show. Não quero passar por aqui sem estar aqui. Tudo é uma possibilidade”, finaliza a vocalista.
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