SANTANA: COADJUVANTE NO PRÓPRIO SHOW

Quando vamos a um show de um artista solo tipo Santana, é claro que as expectativas e a atenção estão voltadas para ele. É o astro principal e o responsável por te tirar de casa naquela noite. Normalmente, é por aí que a coisa caminha.

Em março de 2006, o guitarrista mexicano Carlos Santana veio ao Brasil com a turnê que divulgava o disco ‘All That I Am’. Ele não é um músico virtuose (aquele que dispara trocentas notas por segundo), mas tem um groove sensacional e sabe descrever o que se passa em sua alma como poucos. Assistir a uma de suas apresentações é algo que vale a pena, nem que seja por uma vez só.

Apesar disso e de clássicos como ‘Black Magic Woman’, ‘Smooth’ e ‘Oye Como Va’, o grande nome daquela noite não foi Santana. Foi o seu baixista, o excelente Benny Rietveld. Esse cara deu um bom exemplo de como se conquistar uma plateia que não está ali necessariamente para te ver. Durante o momento em que pôde mostrar mais de seus predicados técnicos, não desperdiçou.

Para quem não sabe, é praxe em muitos shows de rock haver um respiro para a banda enquanto um dos músicos fica no palco mandando ver solos desconcertantes. E naquele show, perto de finalizar sua demonstração, Rietveld surpreendeu a todos que estavam no estacionamento do Anhembi (o local do show) ao emendar a melodia de ‘Romaria’. Isso mesmo, o clássico de Renato Teixeira.

Foi engraçado porque, no início, todo mundo na plateia ficou se olhando com aquele ar de “será que é essa música mesmo?”. Quando percebemos que era, aconteceu uma das coisas mais emocionantes que já vi. Na hora do emblemático refrão, todo mundo cantou em uníssono: “Sou caipira, Pirapora/Nossa Senhora de Aparecida/Ilumina...”. Um coro de milhares de vozes acompanhando a melodia feita por Rietveld ao baixo.

Algo completamente inusitado! Tenho certeza que muita gente voltou para casa com aquilo gravado na memória assim como eu. Por isso, o show foi mesmo de Benny Rietveld. Sem dúvida! Carlos Santana, o “dono” da noite, foi o luxuoso atrativo a mais que tivemos.

Henrique Inglez de Souza

Comentários

  1. Lindo pensar que algo tão fora de contexto pode se transformar justamente naquilo que contextualiza. Bacana.

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  2. Sem dúvida, Ana! Todos que estavam lá ficaram surpresos. A imagem de todo mundo meio que se olhando e depois cantando o refrão é até hoje uma das mais vivas que tenho daquele show. Foi muito legal aquilo.

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  3. Oi Henrique, tudo bem?
    Eu estava presente nesse show, há 11 anos, e há alguns dias repeti a dose assistindo outro show do Santana, mas agora em Auckland, na Nova Zelândia. Sou amiga pessoal do Benny e relembramos sobre esse episódio em 2006, em São Paulo, mas infelizmente não tenho nenhum registro de video. Já procurei em toda internet. Será que, por sorte ou destino, você teria alguma gravação desse momento tão especial? Por favor, entre em contato comigo. Meu email é marizomer@hotmail.com. Obrigada!!

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