SLASH: UM CARA SIMPLES E... GENIAL


Um cara simples. Foi com essa impressão que eu saí do hotel depois da entrevista que fiz com o Slash. Em 2007, o Velvet Revolver era a banda de abertura do show do Aerosmith no Brasil. Com insistência e uma ajuda do Luiz Sacoman (Cavalo Vapor), acabei conseguindo descolar essa entrevista exclusiva. Foi na noite anterior às apresentações.

Saímos correndo eu e o Luiz com os dedos cruzados para que o trânsito de São Paulo não nos atrapalhasse (tanto). Chegamos ao hotel bem em cima da hora. Enquanto o Luiz ia estacionar o carro, fui procurar o empresário do Slash. Logo no lobby do hotel uma cena, no mínimo, surreal: diversos Slashs por todos os lados. Cópias fieis mesmo. Será que o real era um deles? Não... bobagem!

Enquanto ia à sala reservada à entrevista, outra cena bizarra: Steven Tyler (o verdadeiro), que não se sentia muito bem, queria sair do hotel para ir a um hospital. O vocalista estava cercado por um amontoado de fãs eufóricos e também dos vários Slashs. Passei ao lado desse formigueiro. Quando subi a escada rolante e estava quase onde deveria ir, dei aquela espiadinha para trás e o vocalista ainda não havia conseguido cruzar as portas do hotel.

Bom, mas eu estava ali por outro motivo. Então, procurei a sala em que entrevistaria Slash e me encostei na parede logo em frente. Pouco depois apareceu o Luiz Sacoman – ele me ajudaria na entrevista. Esperamos por uns dez minutos até aparecer o empresário do Velvet Revolver dizendo que a banda chegaria logo (estavam presos no trânsito... claro).

De repente, surge um “figura” todo tatuado, colete de couro, barba tipo rebelde, cabelos longos presos e uns óculos escuros invocados. Era o chefe da segurança da banda. Falou firme: “Pessoal, vocês têm cinco minutos e nada mais para conversar com o Slash. Ele está cansado da viagem”. “OK, sem problema” – dissemos. Embora não houvesse muitos, havia outros veículos com entrevistas marcadas e todos nós recebemos basicamente a mesma instrução.

Minutos depois, aparecem, um por um, Slash, Duff McKagan e Matt Sorum. Lembro de ainda estar encostado na parede e vê-los passarem por mim. Duff me cumprimentou com um gesto com a cabeça. Pareceu uma das cenas finais do clipe de ‘You Could Be Mine’ (Guns N’ Roses). Primeiro, o trio iria conversar com TVs e depois atender a mídia impressa e online. Assim, continuei na parede, esperando.

Quando chegou a minha vez, somente o Slash veio conversar. Entramos em uma sala reservada eu, ele e o Luiz Sacoman. No início, aquele nervosismo me corroendo. Mas Slash estava tão tranquilo que me fez sentir mais calmo também. O que foi ótimo. Bem disposto, ele nos cumprimentou, deu um gole curto na garrafa de água que estava segurando e a entrevista começou.

O papo fluiu numa boa e muito bem. De fala mansa e com um clima amistoso, o guitarrista foi me respondendo as perguntas sem demonstrar qualquer resistência. Até mesmo quando lhe perguntei se ele havia “emprestado” os riffs de ‘Zero the Hero’ (Black Sabbath) para compor ‘Paradise City’. Ele deu uma risadinha, ficou pensativo e acabou admitindo que na época ouvia bastante o disco que tem essa música (‘Born Again’, de 1983).

E foi assim que acabamos nos estendendo dos apertados cinco minutos previstos de entrevista. Logo, aquele mesmo “figura” (o chefe da segurança) apareceu na porta para dizer que o meu tempo havia acabado. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Slash olhou para o cara e fez um sinal com as mãos do tipo “se liga! Cai fora!”.

Mal acreditei naquilo, ainda mais porque aquela entrevista estava realmente muito legal. Fiz todas as perguntas programadas e algumas que surgiram na hora (como qualquer pauta que se preze) e ainda fizemos umas fotos. Ao contrário de todo estrelismo que o showbis pode causar nos artistas, Slash mostrou-se um cara simples, pé no chão e muito atencioso. Isso sim é um rockstar!

Henrique Inglez de Souza

Comentários

  1. Showwww de bola... não é meu guitarrista preferido mas cara é genial!

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  2. Valeu! Pois é... ele foi o último guitar hero (nos moldes clássicos) que surgiu. Tem tudo para ser um chato de galocha. Achei que seria mais uma entrevista 'osso-duro-de-roer" por causa de estrelismo e babaquice. Mas foi exatamente o contrário. Abraço!

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  3. Fora que o cara tocou com Os Mendigos da Oscar Freire!

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  4. genial essas histórias de bastidores! pra quem é fã então, um prato cheio!

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  5. amei amei amei...quero saber muito mais..te mandei um email particular, espero que me ajude =))))

    bjsss
    Keile Bassani

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  6. Poxa, emocionante entrevistar o mestre. Melhor ainda sem estrelismo. Parabéns, Henrique.

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  7. Valeu, Paulo! O jornalismo tem dessas: iconoclastia ou constatação. No caso do Slash, foi uma boa surpresa. Valeu!

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