Splippleman: rock brasileiro tipo exportação

Foto: Michelle Shiers

Os discos do Splippleman foram gravados em berços sagrados do rock mundial – Welcome to the Magic Room (2014), em Abbey Road (Beatles), e o novo, Splippleman at Sunset Sound - Lost, Now Found, no Sunset Sound Recorders (Rolling Stones, Guns N’ Roses, Led Zeppelin). O quinteto curitibano tem Lincoln Fabrício (vocal), Fábio Serpe (guitarra), Ricardo Bastos (baixo), Emanuel Moon (bateria) e Sérgio Justen (piano) e está junto desde 2012. Serpe nos falou da expressão que eles vêm ganhando.

Começar com discos gravados em santuários do rock mundial não é nada mau, hein?
Nada mau [risos]! Claro que o fato de gravar nos estúdios onde vários de nossos discos favoritos foram feitos gera empolgação e concentração sem precedentes. Foi ótimo, também, ter contato com a organização, a exigência e o profissionalismo incríveis de ambos os estúdios. Certamente tudo isso nos fez evoluir bastante como banda e músicos. Acho que é perceptível nosso amadurecimento entre os dois álbuns.

Como foram parar no Sunset Sound?
Fomos convidados a tocar no Whisky a Go Go [famosa casa de shows na Califórnia/EUA], devido à boa aceitação do Welcome to the Magic Room. Como já iríamos a Los Angeles e estávamos com vontade de fazer uma boa dívida [risos], agendamos três dias no Sunset Sound.

Faixas como Lost, Now Found e C’mon, C’mon nos dão uma ideia de sua competência radiofônica. O que torna uma canção boa?
É uma pergunta complexa... Olha, se tivéssemos a fórmula do sucesso, estaríamos ricos [risos]! Temos bastante preocupação para com todos os aspectos da composição. Sempre tentamos escrever melodias, letras e arranjos memoráveis e que provoquem algo no ouvinte.

Super Bowie (I Make You Make) é uma homenagem marcada por uma coincidência um tanto triste, não?
Essa é uma das composições do Lincoln. Ele estava ouvindo muito The Next Day, álbum de 2013 do David Bowie, e todos nós aguardávamos o lançamento do Blackstar. A canção foi escrita em junho de 2015, como uma homenagem a uma de nossas maiores inspirações. Gravamos no dia do aniversário do Bowie [10/01], em 2016. Quando voltávamos ao Brasil, descobrimos no aeroporto que o camaleão já não estava entre nós (o Lincoln estava com uma camiseta do Bowie, inclusive).

Pergunta sinuca-de-bico: qual canção ilustra melhor o espírito do novo disco?
Talvez Lost, Now Found, que tem um riff marcante e dançante (ou pulante?), traz mudança de climas com a mistura de rock clássico e rock moderno, é empolgante e tem letra carregada por diversas imagens. E é a que batiza o álbum!

Compor e arranjar são processos pacíficos na banda ou rolam uns pegas de vez em quando?
Nunca tivemos pegas. O processo é bem tranquilo. Um dos compositores leva a música ao ensaio e ela vai sendo lapidada, quase sempre rapidamente.

O rock de vocês dialoga mais com que vertente?
Não pensamos muito nisso. Nosso background vem das bandas consagradas, mas não queremos ficar presos a alguma sonoridade de 40 ou 50 anos atrás, por exemplo.

Qual é o maior perrengue que encontram no Brasil para o som que fazem?
A língua é um obstáculo. O mercado instável e não voltado ao rock é outro.

E o que os faz enfrentar esse perrengue?
Amor pela música e a certeza de que a química da banda funciona... e muito!

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