Wander Taffo: dez anos sem um mestre
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Foto: Arquivo pessoal de Henrique Inglez de Souza |
Este mês, no último dia 14, a morte de Wander Taffo completou uma década. Já faz tudo isso que perdemos um grande cara - simples, solícito, paciente e extremamente talentoso. O Taffo é um dos ícones da guitarra no país, não apenas na vertente artística (haja vista os discos e o sucesso que conquistou com o Rádio Táxi ou sua banda, a Taffo), mas também na do ensino. Com seu empenho e, acima de tudo, sua crença firme, escreveu um capítulo valioso no quesito 'profissionalização do ensino', no país. Não bastava tocar bem, ter didática e conseguir um séquito de alunos; era preciso valorizar a estrutura ainda mais, e foi esse o passo singular que deu.
Durante meus primeiros anos como jornalista, tive o prazer
de estar em contato regularmente com o Taffo. Além de matérias para a revista Guitar Player –
entre outras, fiz uma superespecial em 2006 (GP#120), em que revisitamos todas
as suas pegadas na música –, trocávamos bastante ideias durante os festivais
que a GP realizava no centro de ensino dele, a Escola de Música &
Tecnologia. Essa foto aí foi em uma dessas ocasiões, quando o Frejat
participou.
Quer
coisa melhor para um jornalista musical ter a
tranquilidade de poder contar com a colaboração incondicional de um
expoente
nacional? Tive esse privilégio durante aqueles anos. Às vezes, pedia ao
Taffo dicas para os leitores, e vinha sacadas como esta: "Hoje irei
tocar guitarra por
2 horas e estudar por 15 minutos. Nesses 15 minutos, serão só você e sua
guitarra, oremos... mas não erre!!!".
Quando eu preparava uma matéria acerca da então polêmica (entre os músicos) febre pelo game
Guitar Hero, claro, pedi sua opinião a fim de incluir no texto. "Acho muito
divertido, e com certeza reforça a paixão pela guitarra, que sempre foi (entre
todos) o instrumento mais sedutor", me escreveu. "Embora seja bem diferente da
guitarra real, ele no mínimo auxilia, e muito, os leigos na parte rítmica. (...)
Na verdade, levo uma surra de meu filho Lucas, de 13 anos, mas me vingo depois,
tocando as músicas na guitarra de verdade, que para mim é bem mais fácil
[risos]!"
Essa do Guitar Hero foi a última vez em que mantivemos contato. Pouco mais
de um mês depois, o Wander Taffo partiu para uma melhor. Deixo aqui minha
homenagem a esse guerreiro da guitarra no Brasil. Uma década depois de sua morte,
o que me vem à cabeça é algo que ele costumava usar para finalizar seus
e-mails, e que aqui cabe perfeitamente: bends forever!
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