ALARME DOS INFERNOS!

Sabe aqueles dias em que conseguimos um tempinho para um santo (e, para alguns, merecido) descanso? Então... Uma vez, havia conseguido uma tarde livre, todinha só pra mim. Para eu fazer o que bem entendesse. Correndo mais que camelô em dia de rapa por conta dos trabalhos, não tive dúvida: usaria minhas horas livres para tirar uma preguiçosa soneca – só faltou ter futebol na TV para embalar o meu sono instantaneamente.

Pois bem, e não é que assim que comecei a pegar no sono uma droga de um alarme de carro disparou? Que saco! Esses alarmes sabem como nos dissolver a paciência com uma precisão irritante. Mas, ok, era a minha tarde de folga e nada iria me atrapalhar! Daqui a pouco, o dono do carro desliga essa joça, pensei enquanto me rearranjava no sofá da sala (o melhor refúgio para uma boa soneca). Doce ilusão a minha... o alarme não parou!

Realmente, não faço ideia de até onde são úteis esses alarmas. De modo geral, soam parecidos, além de já estarem tão incorporados ao nosso dia-a-dia, que me fazem desconfiar do quanto podem mesmo nos ajudar. Foi nessa filosofada que embarquei, enquanto o tal pé-pé-pé-pé-pé... parecia infinito lá fora. Cheguei até a esquecê-lo por alguns instantes, mas não teve jeito.

É um som chatíssimo, que invade e preenche o ambiente em que estamos. Domina de tal forma que acabamos não ouvindo outro barulho que não aquele. Se bem que eu comecei a ouvir outro som junto com o do alarme. Parecia uma campainha de telefone ("campainha de telefone" foi um termo que emprestei da minha saudosa avó). Agora, eram dois barulhos.

Imaginei de tudo e todas as formas de esganar o dono do carro e quem estava me telefonando. Ops! Me telefonando?! Ei, esse barulho era em casa e para mim. Ou seja, poderia resolver facilmente. Mas, espere aí! Meu telefone não soa dessa maneira... Ah, sim! É o interfone. Dito e feito! Caramba! O que querem comigo agora, justo na minha tarde de folga?

– Pois não? – atendi.
– Henrique, boa tarde! – era o zelador.
– E aí, tudo joia? O que manda?
– É o seguinte: o alarme do seu carro já está tocando há meia hora e tem morador reclamando do barulho. Será que você poderia vir aqui e desligá-lo agora?
– Claro!

Desliguei o interfone com aquela cara de otário. Peguei as chaves com o controle, desci correndo e desliguei o maldito alarme com um falso ar de uma inocente surpresa que beirava a pilantragem (faz parte, né?). Subi sem dar muita explicação e ponto final. Sentei no sofá e esperei para ver se o sono voltava – depois da mancada, a última coisa que me vinha à cabeça era a tal soneca. Mas até que passou, e pude finalmente dormir em paz... Ou melhor, QUASE em paz.

Acho que eu devia estar roncando há mais ou menos uma hora quando, de longe, me vem um infalível: "Som! Sssssssom! 1, 2, 3... Sssssssssom! A-alô! Alôôôô...". Era o pessoal que estava montando o palco de um show que iria acontecer perto de onde moro. Eles começaram a testar o som. Droga!

Vencido, me levantei, liguei o computador e comecei a adiantar o trabalho. Não era mesmo um dia pra descansar!

Henrique Inglez de Souza

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