Kiss: Creatures of the Night
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Há exatos 35 anos, o Kiss lançava Creatures of the Night. Para mim,
esse é um álbum especial. O melhor? Não sei. Talvez... Foi o primeiro
vinil que tive na vida. Ganhei quando estava em um shopping de Salvador
(BA), com meu pai. Na sede por algo do quarteto, me deparei com essa
capa, até hoje emblemática – a mais bela na discografia do grupo.
A sonoridade é uma pedrada só, incluindo a balada I Still Love You.
Ace Frehley, guitarrista original, apesar de estampar a capa, passou
longe das gravações. Um time de outros caras deu conta de sua ausência,
incluindo Vincent Cusano (futuro Vinnie Vincent). Este registrou e
dividiu composições (I Love It Loud, Killer e I Still Love You),
e, no final das contas, fez por merecer o posto vago de Frehley em
caráter oficial.
Gene Simmons falou sobre o disco em uma
entrevista que fiz para a revista Bass Player, em 2012. "Creatures of
the Night começou como um passo de desespero, pois o Ace [Frehley]
nunca foi à Califórnia [onde aconteceram as gravações, entre julho e
setembro de 1982]", disse-me. "Ele queria deixar a banda e começar uma
carreira solo, pois, segundo o próprio, seu disco [de 1978] venderia 10
milhões de cópias. Tenho certeza de que estava chapado...
Nós,
então, lhe sugerimos que ficasse, que não precisava sair. Mas o Ace
disse: 'Não, eu tenho que sair. Tenho que gravar um disco solo'. E eu
falei: 'Mas você pode fazer seu álbum, ter uma carreira solo e, ainda
assim, continuar no Kiss. Nós não queremos nada de sua carreira solo'. E
insistiu: 'Tenho de fazer do meu jeito'. 'Ok, faça como quiser!'
Com Creatures of the Night, achávamos que tínhamos que voltar a ser o
Kiss – mesmo que um Kiss mais pesado. Havíamos ficado mais pop, dance e
outros tipos de música com Unmasked [1980] e Dynasty [1979].
Queríamos, portanto, provar a nós mesmos que éramos capazes de fazer um
disco puro e o mais pesado do Kiss, e Creatures of the Night foi isso!
Há diferentes guitarristas tocando nele – acabamos efetivando o Vinnie
Vincent, que em 1983 teve de ir embora. Mas é um trabalho de que
gostamos bastante”.
Paul Stanley, em uma entrevista que fiz para a
Guitar Player, em 2015, também falou do álbum: "O que The Elder
[1981] trouxe de bom foi um semancol. Como se levássemos um tapa na
cara, ou um balde de água fria, do tipo: 'O que vocês estão fazendo? Por
que abandonaram o que amavam? Por que fizeram isso?' Não haveria Creatures of the Night sem The Elder. O Creatures of the Night foi
a gente se dando conta repentinamente: 'Espere aí! É por isso que nós
amamos o que fazemos!'".
Nesse impecável trabalho de 1982, temos
um Kiss se reencontrando, musicalmente, derramando riffs fortes e
marcantes, solos incríveis, canções maravilhosas. Temos uma banda que só
voltaria a carregar na densidade uma década depois (coincidentemente,
com colaborações de Vinnie Vincent).
Isso é só um mínimo por trás
do álbum, mas deixe-me postar agora, senão o mote dos 35 anos de seu
lançamento perde um tantinho da validade...
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