O som da juventude

 
A voz da juventude, a música da juventude... o rock já deixou de ser isso há um bom tempo, no Brasil. Transformou-se no mostruário gasto que a molecada usa para fazer pose diante do espelho, só de farra, de brincadeira. A rebeldia que tanto inflou o estilo agora é a discussãozinha do politicamente otário. É o tom da revoltinha bunda-mole que une diariamente trouxas de lados opostos nas redes sociais. O amor, capaz de gerar tão belas canções, hoje nada mais é do que meme e giff animado de caveirinha. As paradas de outrora tinham sucessos musicais, e agora listam apenas suvenires bobocas e caros. A pose, a foto perfeita, o biquinho de pato e as polêmicas já bastam para bandas e artistas. São o suficiente. 

A música rock virou um mero elemento de classificação na fauna do mainstream e do on-line. Virou um toque de celular legal. E a falta de referências condena a criação daqueles que se esforçam para produzir algo bom – normalmente sai o bocejante do mais-do-mesmo ou a semostração tecnocrata de instrumentista sem musicalidade. Os ídolos do passado desbotam-se à bajulação extrema, à sacramentarão exagerada. Ganham credenciais de senhores da razão e da verdade, e assim o mundo pop fica ainda mais chato.

O rock, claro, não morreu. Exilou-se dessa gente panaca que acha que incendeia o mundo estufando o peito na internet sem saber compor nem arranjar. Ei, alô você que estiver lendo este texto daqui a, sei lá, 20 anos! Saiba que o som da juventude do momento não é o rock. É tão somente uma notificação de rede social.

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