RESENHA: Heavenless - 'whocantbenamed'
O potiguar Heavenless fez sua estreia
fonográfica este ano, com o sombrio whocantbenamed. Diretamente de
Mossoró, Kalyl Lamarck (baixo, vocal), Vinicius Martins (guitarra) e Vicente
Andrade (bateria) não economizam no calibre, e mandam ver um death/hardcore
contundente.
Suas bases têm riffs impactantes,
instigantes e com clareza nos timbres. A densidade dos caras não se resume a
regular pedais e amps no talo. Tem um equilíbrio de qualidade – mérito do
produtor Cassio Zambotto. Ele conseguiu desenvolver um paredão bem firme e
pesado, sem deixar irritante. Só achei que a voz ficou um ou dois graus aquém do
que deveria ser. Isso tirou um pouco do acabamento, e a mim gerou algo incômodo
no início da audição.

São nove músicas, indo do estremo ao...
estremo. Há! Achou graça no que eu disse, né? Mas se você conferir o álbum (e
recomendo que o faça), verá que o universo deles arrisca pegadas curtas por
terrenos vizinhos, e mesmo assim policia-se para evitar sujar os pés. Resumindo
de maneira prática, whocantbenamed vaga basicamente pelo thrash, death e hardcore,
com um pouco de heavy metal clássico e uma ou outra informação extra na costura. Conhecendo sobre eles,
fiquei convencido de que há espaço para explorar ainda mais suas
influências. Por exemplo, o batera Vicente Andrade curte o pessoal do Manguebit,
Chico Science & Nação Zumbi, o maracatu. Poderia incorporar tal bagagem com desbunde (evitando soar o Sepultura do Roots).
The
Reclaim
foi uma escolha perfeita para o clipe (assista abaixo). Tem bastante dos
predicados do Heavenless como banda, como um coletivo de referências e pegadas.
Acrescento aqui outras duas pedradas sensacionais: Soothsayer e Odium. Enter Hades traz sutis sonoridades
sertanejas para embalar o ritual introdutório. Depois, surge uma porradaria
death metal deliciosa.
O disco tem um punch vigoroso. As
canções, embora não arrisquem tanto em termos de pluralidade de influências,
agradam, uma a uma. A maioria tem personalidade. O fato de o vocal estar num
volume que considero baixo na mix, o conjunto da obra faz valer o material.
Além do quê, é um metal bastante competente de power trio. É preenchido e
completo.
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