Nazneen Rahman: a ponte entre o jazz e a ciência
Música, em sua essência de qualidade, surge
de tudo quanto é canto – alguns até improváveis. Quando as boas surpresas dessa
arte nos acontecem, saboreamos com mais intensidade. O inusitado favorece melodias
e sons, quando estes nos atingem o peito. Por isso que perde chances preciosas quem
se limita apenas ao que movimenta o mainstream (principalmente nos dias
atuais).
Na última sexta-feira (28), foi divulgado
o single Everything Must Change, da
britânica Nazneen Rahman. A música faz parte de seu novo álbum, Answers
No Questions, um trabalho de jazz moderno talhado com muita poesia e
uma voz doce de se ouvir - segundo alguns, um repertório honesto, autêntico e delicado. A data para o lançamento é 6 de junho (fique de olho
neste link).
O toque de surpresa boa, nesse caso, vem
com a curiosa informação de que a artista não é somente uma cantora de jazz.
Nazneen é uma mundialmente respeitada e premiada geneticista e pesquisadora do
câncer. Tal nobre devoção à causa humana reflete a sensibilidade com a qual
abraça a vida – a mesma que injeta em seus discos.
O que poderia ser uma ponte improvável, entre a ciência e a música, revela-se, na verdade, um jardim comum, onde a criatividade ganha mil e uma facetas.
O que poderia ser uma ponte improvável, entre a ciência e a música, revela-se, na verdade, um jardim comum, onde a criatividade ganha mil e uma facetas.
Para
você, o que significa uma música honesta, autêntica e delicada?
Minhas músicas são histórias sobre a
vida cotidiana. As complexidades de viver no mundo moderno. De tentar fazer as
escolhas certas. São honestas e autênticas porque não fingem que há respostas
simples ou que uma pessoa está certa e outra, errada – é quase sempre mais
complexo do que isso! As canções são delicadas, porque tenho muita compaixão
pelas pessoas imperfeitas em minhas músicas. Sou uma grande fã de compaixão.
Você
sente que esse tipo de música – honesta, autêntica e delicada – está sendo
perdida nos cantores de jazz que têm surgido? Pergunto isso, pois há certa
carência de alma e conteúdo em alguns deles. Ficam apenas tentando copiar os
clássicos do passado.
Pode ser difícil encontrar a própria voz,
um estilo, particularmente quando você está aprendendo. É preciso tempo e
confiança. Porém, devo dizer que sou constantemente inspirada por como os novos
cantores interpretam os velhos clássicos, particularmente ao vivo. Gosto da
vulnerabilidade que um novo nome costuma carregar, justamente por ainda não ter
a mesma confiança que os clássicos.
Quais
são alguns de seus heróis no jazz e como digere a influência que exercem em
você, de modo a trabalhar seu próprio estilo?
Em geral, tendo a gostar mais de canções
em vez de artistas. Também costumo escolher personalidade e não perfeição,
particularmente nos vocais. Sou atraída para o emocional e o incomum. Adoro o
fraseado incomum das interpretações de Amy Winehouse, a emoção crua de Billie
Holiday e a honestidade de tirar o fôlego de Nina Simone.
Como
surgiu o material que escutamos em Answers
No Questions?
Não planejo minhas canções ou meus álbuns.
Sempre tenho músicas rodeando minha cabeça. Também há palavras, temas e ideias
que saltam em minha mente quando estou caminhando ou viajando. Às vezes, as
duas coisas se colidem e uma composição começa a surgir. Durante o período em
que escrevi as faixas de Answers No Questions, eu estava
constantemente pensando nas várias opções que existem e na complexidade de
escolher a correta. Então, esse foi um tema que prevaleceu no álbum.
Qual
é o papel da música em sua vida?
Eu jamais conseguiria ter um dia sem
música – pelo menos, um dia agradável! Música tem sido a companheira constante
de minha vida.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPUwyYPRBZRB26Luw0x-qkOLuPJT0dgFTicPn3lRFjrMo4cuAN9qyUak3WT4Vc2iOUDvuA6paApR05rTQh9CJDGb14BXwHdqfCR4nu511jKUGm7ltnka_gMnOgcViI3WHdaEtjPCS-03uM/s320/NazneenRahman_Capa.jpg)
Se estou trabalhando em casa, sempre
tenho música (instrumental) tocando ao fundo – isso me ajuda a me manter focada,
criativamente. De outra forma, são partes separadas, igualmente importantes de
mim.
Qual
é a similaridade entre compor uma canção, fazer um álbum, e se dedicar à
pesquisa científica?
Obrigada por fazer essa pergunta! A
maioria das pessoas supõe que são coisas totalmente diferentes. Porém, para
mim, ambas são expressões criativas. São formas de transformar ideias em
realidades.
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