O adeus a Allan Holdsworth

Capa da coletânea que saiu este ano (Imagem: Reprodução)

O domingo (16) trouxe uma notícia nada boa aos fãs de Allan Holdsworth. Sua filha, Louise, usou o Facebook para anunciar a morte do lendário guitarrista britânico, que tinha 70. "Sem dúvida, ainda estamos em choque com sua morte inesperada, e não dá para expressar em palavras a tristeza esmagadora que estamos experimentando", disse ela em um trecho da nota, a qual não detalha o que teria causado a perda. 

Desde os anos 1960, Holdsworth vinha erguendo uma carreira regada a trabalhos, em boa parte, memoráveis. Atravessou a década seguinte consolidando sua marca no rock e no fusion, ao lado de grupos como Soft Machine (quando gravou o maravilhoso Bundles, de 1975), Pierre Moerlen's Gong (do intenso Gazeuse!, de 1976) e U.K. (e seu excelente homônimo disco de estreia, de 1978).

Em 1982, o guitarrista, já dono de uma legião de admiradores, abraçou de vez a carreira solo, com o álbum I.O.U.. Para ele, este registro marcou efetivamente sua estreia solo, já que Velvet Darkness (1976) – primeiro lançamento sob seu nome – saiu sem seu consentimento.

Até 2003, quando chegou às lojas seu título mais recente, o ao vivo Then!, tivemos um percurso com destaques festejáveis para a música mundial -- não apenas pela abordagem versátil, mas por tudo que produziu com ela.

O EP Road Games (1983), por exemplo, selou com louvor o esforço de ninguém menos que Eddie Van Halen para convencer a major fonográfica Warner Bros. a gravá-lo. Atavachron (1986), já pelo selo Enigma, foi outra tacada certeira. Funnels, Looking Glass e Mr. Berwell são algumas das pérolas do material. Wardenclyffe Tower (1992) talvez não tenha sido compreendido por muitos. Porém, justamente a performance fora de seu arroz-com-feijão rende a esse disco algo de único (ouça Questions). E o estranho Flat Tire: Music for a Non-Existent Movie, de 2001, projetou um quê de expectativa no ar em relação ao que viria depois. Holdsworth estava empenhado em um novo álbum atualmente. Resta saber se iremos conhecer tais registros. 

O vocabulário diverso e a sonoridade muitas vezes tida como incomum na hora de combinar acordes, incluindo aí a alta capacidade de improvisar, renderam o respeito de inúmeros músicos. Entre estes estão Carlos Santana, Frank Zappa, Pat Metheny, Joe Satriani e o citado Eddie Van Halen. A morte ainda misteriosa do guitarrista britânico resultou numa enxurrada de homenagens pela internet. 

Abaixo, o vídeo de Allan Holdsworth tocando Looking Glass na Alemanha, em 1997.

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